Serra da Estrela

FIGURAS DE TORROSELO - O Prof. Francisco Mendes Póvoas. Foi o inventor do teclado português Hcesar, criado pelo Dec. Lei 27868 de 21 de Junho de 1937

18-01-2012 20:49

O Prof. Francisco Mendes Póvoas, ilustre torroselense, regionalista, escritor e jornalista, faleceu a 1 de Janeiro de 1967. Na passagem do 45º aniversário da sua morte pretendo dar a conhecer um pouco deste Homem que, em vida, amou, enalteceu e divulgou através da escrita, a terra que lhe serviu de berço. Publicou alguns livros dedicados ao regionalismo, e a temas relacionados com a dactilografia. Foi o inventor do teclado português Hcesar, criado pelo Dec. Lei 27868 de 21 de Junho de 1937. Fundou e dirigiu o jornal Bohemio do qual foram publicados apenas sete números, de Fevereiro de 1910 a Setembro de 1910. Anos mais tarde, dirigiu o jornal Estrela de Alva, propriedade da Liga Herminista Estrela de Alva que, havia ajudado a fundar em 1926. A título póstumo foi homenageado pela Câmara Municipal de Seia e pela Junta de Freguesia de Torroselo. O seu nome figura na Toponímia de Torroselo, mais exactamente na rua em que nasceu e viveu.

A. Madeira

Em Torroselo, sua terra natal, onde exercia, há mais de trinta anos, as funções de correspondente do “Diário de Notícias”, faleceu no passado dia 1 o Sr. Professor Francisco António Mendes Póvoas, de 79 anos. O professor Mendes Póvoas, publicista, professor do ensino técnico e oficial estenógrafo da Assembleia Nacional, ingressou em 1913 no quadro de estenografia do antigo Congresso da Republica. Durante catorze anos foi professor comissionado do antigo Instituto Superior de Comércio de Lisboa e da Escola Rodrigues Sampaio, regendo o curso prático de dactilografia. São dessa época os seus estudos sobre o teclado português que, mais tarde foi oficializado. De extraordinário dinamismo e estudioso, o professor Mendes Póvoas frequentou o antigo Instituto Industrial e Comercial de Lisboa e habilitou-se com o diploma do Curso Taquigráfico das antigas câmaras legislativas. No campo da estenografia era considerado um reformador, tendo sido aceite os seus pareceres principalmente no que se refere à mnemotécnica da digitação e racionalização filológica e geométrica integral do sistema Martiniano. Fora dessas actividades, dedicou-se ao regionalismo, em particular à sua região natal da Serra da Estrela. Em 1924, fundou a Liga Herminista Estrela de Alva e foi membro do conselho regional do antigo Grémio Beirão. Apresentou ao V Congresso Beirão, realizado na Figueira da Foz, uma tese sobre a estátua da Lusitânia, e erigir na Serra da Estrela, e outra, no VI Congresso, efectuado em Viseu, sobre desportos de Inverno. Apresentou, também, no III Congresso Hispano – Americano – Filipino, que se realizou em Madrid, uma Memória Básica sobre o desenvolvimento taquigráfico, que obteve menção honrosa. Pelo Ministro da Educação Nacional foi-lhe concedido o diploma de director de estabelecimentos de Ensino Técnico Particular. Tomou parte no I Congresso Nacional dos Professores. O professor Mendes Póvoas era oficial do Mérito Industrial, sócio correspondente da Organização Taquigráfica Brasileira e sócio honorário do Grupo Estenográfico Micaelense. Publicou numerosas obras didácticas sobre estenografia e de dactilografia, uma das quais foi editada pelo “Diário de Notícias”, sendo co-autor de um teclado médio para seis línguas; alemão, espanhol, francês, inglês, italiano e português. Também deixou algumas obras literárias, a maioria dedicadas à sua região, Ares da Beira, Tojos e Urgueiras, Entre Serras… Herminismo e A Serra da Estrela e o Herminismo em Pleno Desenvolvimento. No “Diário de Notícias” publicou numerosos artigos sobre temas da sua especialidade e regionalismo. O saudoso mestre de muitas gerações que passaram não só pelo Instituto Superior de Comércio de Lisboa, como pela Escola Comercial Rodrigues Sampaio e, ainda, por vários estabelecimentos de ensino particular, foi a enterrar no pequenino cemitério da sua terra natal. Era irmão do sr. José Joaquim Mendes Póvoas e da Sr.ª D. Maria José Mendes Póvoas e tio do sr. Alberto Dias Póvoas, da sr.ª D. Celeste da Conceição Vaz Dias Póvoas e da menina Maria José Dias Póvoas.

Na segunda – feira, na Igreja de Torroselo, é celebrada missa pelo seu eterno descanso.

À família enlutada apresentamos condolências.

Fonte: Diário de Notícias de 6 de Janeiro de 1967

Voltar

Procurar na página

OP© 2012 Todos os direitos reservados.