Serra da Estrela

A Serra da Estrela e o Herminismo em pleno desenvolvimento

26-03-2012 22:09

 

O Sol descansava já na Capela de São João. O que era aquela entrada de Torroselo antes de eleito Deputado pelo círculo o Conselheiro Mendes Leal? Uma barroca de altos e baixos, onde as enxurradas impediam os transeuntes de prosseguirem caminho. Junto à Igreja Matriz, pequena mas reconstruída e alindada como as melhores do distrito, o Rodrigues mirou de alto a baixo as novas instalações dos CTT e ficou admirado quando o informaram de que poderia utilizar rede telefónica particular. Inaugurara-se a Estação Telefono-postal em 6 de Janeiro de 1930, com a presença do então Presidente do Ministério Sr. General Ivens Ferraz e do Governador Civil do Distrito, Dr. Alfredo Filipe. A este se deve o não passarem os fios na Catraia para Sandomil, como se Torroselo não existisse. Em frente do solar do antigo fidalgo da Casa Real e senhor da Casa de Torroselo e primeiro Deputado da Nação, José de Abranches Homem da Costa Brandão, há anos reanimado pelos herdeiros de sua viúva, o visitante foi chamado a atenção pela azafama dos trabalhos mandados efectuar pela Câmara Municipal de Seia para alargamento da artéria que conduz ao sitio da Eira Nova, fecho da Avenida Mendes Leal. Não se esquecera o Rodrigues: por ali seguia para o Castro de Torroselo, posteriormente assinalado pelo interesse do falecido general João de Almeida e a que faz curiosa referência na sua monumental obra “Roteiro dos Monumentos Militares Portugueses” – I Volume. Retrocedendo, paramos em frente do velho casarão cujas características o denunciavam como tendo sido a Casa da Câmara, no tempo em que Torroselo era concelho, extinto depois da vitória liberal de 1834. A cadeia quase perdera o tom da época e o pelourinho fora mudado para o Largo da Fonte de Baixo; com a coluna e o capitel renovados, era ainda assim, ao lado do transformador da Empresa Hidroeléctrica, inaugurado em 14 de Julho de 1935, testemunho histórico do povoado. Nesta consideração ouviu-se o murmúrio da Fonte dos Moiros, cuja origem se perde na noite dos tempos. O Rodrigues não se deteve: foi fazer a verificação das esferas armilares e mostrou-se desgostoso porque a do lado esquerdo estava bastante deformada. E afinal: vandalismo? Não havia muito que estranhar, pois a fonte se fora primitivamente dos “moiros”, era retintamente manuelina e devia aproximar-se da época em que o Senhor D. Manuel I dera foral a Torroselo (1514).  

Fonte: A Serra da Estrela e o Herminismo em Pleno Desenvolvimento, de Francisco Mendes Póvoas, Torroselo, Janeiro de 1957  

Por: A. Madeira

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